sábado, 5 de junho de 2010

Qual o discurso adotado pela esquerda e pela direita no caso da posição brasileira ante o programa nuclear iraniano?

Constatei uma acentuada polarização das visões apresentadas por setores da mídia ditos esquerdistas e ditos direitistas sobre o programa nuclear iraniano. (Não que a citada polarização seja uma surpresa. Mas seus benefícios a favor da opinião pública são questionáveis).

Vou começar pelos direitistas, que são mais divertidos. Os tais afirmam, em primeiro, que o Lula é um imbecil analfabeto e cachaceiro. Prosseguem dizendo que o Irã viola habitualmente os direitos humanos e emite declarações ameaçadoras e odiosas contra Israel. E enquanto isso, o Brasil estaria sendo cúmplice do governo do Teerã, ao abraçar com unhas e dentes a defesa do programa nuclear iraniano, que possuiria fins militares.

Comento: Os indícios levam a crer que certa parcela do que se convencionou chamar de elite ainda não se conforma de, (após oito anos), ter um operário e sindicalista como presidente. São preconceituosos e reacionários. Egoístas que inundam parcela da imprensa de lixo, para manter seus privilégios em detrimento do povo. Mas vamos ao que mais interessa nesse momento: Eu acredito que a questão referente ao programa nuclear do Irã seja mais complexa do que faz crer a direita e a esquerda. Mas destaque-se que parcela da imprensa mundial elogiou o acordo nuclear entre Brasil, Turquia e Irã. E ainda, um grupo de especialistas em política externa e não proliferação nuclear teria sugerido que França, EUA, Rússia e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) aceitassem o acordo sugerido pelo Brasil. Por outro lado, sabe-se realmente que a cúpula do governo Iraniano é, no mínimo, permissiva com a violência praticada contra os oposicionistas. E não termina por aí. De tempos em tempos o presidente iraniano manifesta sua insatisfação contra a simples existência do estado de Israel. A cotidiana violência de cunho político e as declarações estabanadas e de ódio do presidente iraniano são assuntos silenciados pela esquerda. (Talvez por conveniência). E não se pode silenciar quando o assunto é violência. Ufa.

http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,especialistas-pedem-que-potencias-considerem-acordo-nuclear-com-o-ira,560635,0.htm

E o que diz a esquerda? Simples: Afirma que o Brasil rejeitou a histórica posição de subserviente dos EUA. Outrora submisso, o Brasil liderado pelo torneiro mecânico, teria consolidado sua posição protagonista na política internacional. Quanto ao programa nuclear Iraniano, garantem seu viés pacifico. (Não sei que indícios levam os esquerdistas a terem TANTA certeza). E reforçam a idéia argumentando que o Iraque foi atacado sob a acusação de ter armas de destruição em massa, o que posteriormente não foi provado. E ainda, é defendido o direito de o Irã ter um programa nuclear, pois possuiriam aplicações médicas e outras favoráveis a nação. A esquerda sustenta que os EUA simplesmente querem deter o monopólio do mercado de urânio e, finalmente, que um país com mais de 5000 bombas nucleares não teria moral para impedir qualquer país de ter seu arsenal.

Novamente comento: É notório que o Brasil tem adotado uma posição mais independente e até mesmo protagonista na política internacional, como no caso do alardeado programa nuclear iraniano. E tal fato é corroborado pelo descontentamento manifesto da cúpula do governo americano. Mas infelizmente é público o ódio pregado por Teerã contra a simples existência do estado de Israel, insisto. E não é confortável para Israel desconfiar da intenção iraniana de ter armamento nuclear, por menor que seja a possibilidade. Assim, infelizmente não pode ser negado o direito de Israel de, ao menos, manifestar-se contra o programa iraniano. Por outro lado, o estado de Israel é um dos nove países do mundo no rol de detentores de armamentos nucleares. Então, que princípio moral dá a Israel (e os EUA) o direito de impedir o outro de ter armamento semelhante?

Enfim, permito-me encerrar com certo vazio, pois não tenho opinião incisiva quanto ao assunto. Aqui, a questão é a polarização das idéias em voga na grande mídia, dominado pela direita, e na internet, dividida entre progressistas e conservadores.

Só por uma questão de curiosidade, listo abaixo os nove países do mundo que possuem bombas nucleares:

EUA, com mais de 5000. (!!!!!!!!)
Rússia, que herdou o arsenal da União Soviética.
França, que estava do lado vencedor na segunda guerra mundial.
Reino Unido, também vencedora da segunda guerra mundial.
Israel.
China.
Índia.
Paquistão.
Coréia do Norte.


EUA, China, Reino Unido, Rússia e França fazem parte do conselho de segurança da ONU.

Ucrânia e África do Sul teriam desativado seus arsenais nucleares.

Japão e Alemanha, derrotadas na primeira guerra mundial, não possuem armas nucleares.

E o Brasil? É plenamente capaz de enriquecer urânio em qualidade e quantidade suficiente para construir bombas nucleares. Mas não o faz porque aderiu ao tratado de não proliferação de armas nucleares.

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