sábado, 29 de maio de 2010

04 de junho. Dia internacional da criança vítima de violência.


Nesse momento, em alguma parte do Brasil, alguma criança está sofrendo agressões e torturas. E a impunidade e a covardia encontram refugio no anonimato. E pergunto de primeira: O que fazer? Como efetivamente combater este mal? Como identificar agressões? Como prevenir?

Creio que toda escola, seja pública seja privada deveria ter um programa efetivo para identificação de crianças que sofrem agressões. Os corpos de crianças submetidas a maus tratos denunciam, provavelmente, a violência praticada. E ainda, o comportamento de tais crianças provavelmente apresenta sensíveis alterações. Ainda na esfera comportamental, a criança tende a manifestar um comportamento arredio ou excessivamente tímido.

Uma vez identificado o problema, o órgão público competente deveria ser acionado e, por conseguinte, medidas duras devem ser adotadas. Sem o inconveniente mergulho em burocracias.

Não sou nenhum especialista em pedagogia, educação infantil e assuntos afins. Mas creio que a escola brasileira pode e muito prevenir e combater a violência física cometida contra crianças.

Mas não adianta esperar a boa vontade do governo, a despeito de suas obrigações legais. Faz-se necessário uma grande mobilização acerca do assunto. Mobilização que envolva a sociedade, ONGs, imprensa.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um desafio humano.


Os desafios fazem parte de nossas vidas. Alguns são simples. Outros, complexos. Alguns, óbvios, outros, subliminares. Alguns podem ser postergados. Outros são urgentes. Alguns estão no exterior. Outros estão dentro de nós.

Existem desafios para todas as faixas etárias. Para gêneros. Para governos. Para nós.

Levantar da cama, após o estridente despertador, não deixa de ser um desafio. Para quem habita em grandes cidades, pegar um ônibus rumo ao trabalho não deixa de ser um desafio diário. Manter o bom humor também.

Pois bem. Crescemos sendo desafiados sob uma ótica burguesa: “Precisamos estudar/trabalhar para ser alguém na vida”. Assim, tomando como verdadeiro o termo anterior, concluo, por uma noção de lógica, que aquele que não estuda e trabalha não pode ser classificado com alguém. Por desdobramento, é um ‘ninguém’.

O problema em si não é, meramente, “estudar/trabalhar”. Não convém mergulhar em síndrome de seu madruga. Mas é certo que nossos corpos e mentes, muitas vezes, são dirigidos para servir a interesses burgueses. E pergunto com todo respeito: Onde está nossa parte justa nesse serviço?

Existem dois equívocos do adágio “batalhar para ser alguém”. Primeiro: Em nossa sociedade, estudar/trabalhar não garante que qualquer pessoa seja classificada como “alguém”. Segundo: Os milhões de indigentes e esfomeados, sejam homens e mulheres, sejam crianças e adultos, são “alguém” sim. São seres humanos, detentores de direitos. Muitos não tiveram sua oportunidade no “livre mercado”. Muitos não nasceram com berço de ouro. Mas devem ser respeitados, a despeito da cotidiana ignorância que sofrem.

Retomando: Os desafios de caráter particular, pelo qual somos bombardeados diuturnamente, sobrepõem-se aos desafios coletivos e mais humanos em nossa sociedade. Desafios e necessidades particulares impostas enfraquecem aquilo que realmente deveria ser estabelecido com desafio cotidiano: Combater a pobreza.

Assim, fracassamos em um curioso desafio: Saber discernir prioridades. Mas de todo modo, vivemos mergulhados num sistema burguês. E nesse sistema precisamos sobreviver. E sobreviver é difícil. Assim, sobra pouco tempo para o ‘outro’, para o coletivo.

Desse modo, a pobreza se reproduz. Isso perante eloquente voz do individualismo: Mais do que um defeito, uma (quase) necessidade dos nossos dias.

Conta-se que dia 24 de maio foi o dia do detento. (????????!!!!!)


...

Em uma sociedade perfeita não haveria prisões, pois não haveria transgressores. Mas a reflexão é meramente utópica.

Diz o conto de fadas urbano que o sujeito que representa perigo para a sociedade deve ser afastado da coletividade. Conta-se ainda que tal sujeito, para reparar determinado erro, deve ser mantido preso, como forma de castigo. E ainda, as detenções possuiriam um caráter educador, voltado para a socialização, de modo que o sujeito outrora preso possa reingressar a sociedade transformado.

E prosseguindo com o conto de fadas, tudo realizado sob o manto de um judiciário isento e imparcial.

Mas, pulando da retórica distante para a realidade, se constata que as cadeias parecem um imã mais propenso a atrair negros do que brancos. Um imã mais propenso a atrair pobres do que qualquer outra coisa. E o caráter educador? Piada para quem tem um mínimo senso de realidade. Os presos são submetidos a torturas e maus tratos, ridicularizando assim nossa constituição. Presos de menor periculosidade convivem com presos violentos. E em vez da pretensa socialização, formam-se indivíduos mais revoltados, violentos, e com mais conhecimentos voltados para o crime.


O problema ligado as prisões decorrem, em primeiro, de um executivo sem envergadura administrativa para alocar recursos com mais eficiência. Ainda reside certa negligência, inércia e indolência do governo. O legislativo não fiscaliza e não cobra devidamente, isto é certo. Mas lanchar flechas maniqueístas contra o governo não ajuda a resolver a situação. O problema tem origens mais amplas e profundas. Vejamos: A imprensa não atenta devidamente para as condições dos detentos. Cotidianamente a tortura é praticada, e permanece covardemente escondida. Pipoca uma rebelião aqui, vendem-se jornais ali, realizam-se umas bravatas aqui, promete-se providências ali, e bola para frente. As profundas razões da tragédia do nosso sistema prisional não são investigadas. Não há uma cobrança efetiva e sistemática da imprensa, que deveria ser um instrumento a serviço dos verdadeiros interesses do povo. E ainda, não se vê também mobilização da sociedade. Aqueles que possuem voz se calam, e aderem a subterfúgios supérfluos de uma mídia rica em produtos e vazia em idéias. Parte da população, por sua vez, aplaude o discurso nazista de políticos que defendem repressão, repressão e repressão. Castigo, castigo e castigo. Tortura, tortura e tortura.

Assim, a sociedade alimenta um ciclo vicioso, pois as cadeias reproduzem a violência, liberando sentimentos de ódio contra a própria sociedade. E a violência é respondida com violência. E a violência gera violência, com o perdão do clichê.

E se falta para a sociedade uma mínima noção de humanismo, que haja pelo menos noção de pragmatismo. Pois a população quer viver em paz, certo? Certo! Os criminosos hoje preso, de uma forma ou de outra voltarão para a sociedade, certo? Certo! Um sistema carcerário falido não cumpre sua função educadora, de socialização, certo? Certo! Se não educa, voltarão criminosos armados de ódio para a sociedade, certo? Certo! Se a sociedade quer viver em paz, ela não quer criminosos armados de ódio, certo? Certo! E para tanto, se faz necessário, finalmente, um viés educador nas cadeias, certo? Certo! Então, que haja um programa de socialização, já que eles vão voltar mesmo. Um recado para certa direita brasileira: Já que não é possível matar todo mundo na cadeia, que sejam transformados. E finalmente, que a constituição seja cumprida.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O perigo das novelas. Parte I.


Entrei no site da globo.com e deparei-me com a seguinte manchete: “'Passione': hoje tem 1ª noite de Diana e Gerson

Esta supostamente corriqueira manchete esconde armamento com poder de fogo suficiente para promover estragos nos conceitos mais elementares de moral. E, diga-se de passagem, nossa noção de moral tem sido (ao longo dos anos) sitiada por um poderoso exército de produções na mídia, que insiste em atacar as muralhas da decência.

É o que ocorre hoje em dia. O politicamente correto vem sendo desqualificado, ridicularizado, encolhido por forças supridas de falsos intelectuais e anos de produções globais da família Marinho.

Mais uma vez, o mocinho da novela apresenta comportamento, no mínimo, arriscado. E o perigo reside no fato de ser justamente o mocinho a apresentar o destacado comportamento. Afinal o mocinho, protegido pelos diques do maniqueísmo, sempre age com correção. Aliás, ver o mocinho errar é algo simplesmente absurdo para os olhos de milhões que perdem seu tempo frente ao encantamento da TV.

O que o mocinho faz é o correto, acima de contestação. Essa é a idéia transmitida. Sabe-se que a rede Globo é dotada do mesmo espírito de parcela da igreja católica da idade média, que ensinava que “a vontade de Deus é que uns sejam ricos, outros sejam pobres”. Para o bem da boa explicação, destaque-se que a eficácia da igreja católica de outrora para transmitir e manter idéias absurdas é a mesma da rede Globo de hoje.

O comportamento de promiscuidade dos protagonistas se repete novela após novela, como uma maldição crônica. E aos poucos a juventude aprende que a cautela, a prevenção e o “guardar” é obsoleto, ultrapassado. Numa absurda inversão de valores, o que se guarda é ultrapassado, antiquado. E as lanças contrárias a integridade são arremessadas de segunda a sábado, através da tela da TV, contra os passivos expectadores, que acreditam serem os protagonistas sujeitos idôneos e respeitáveis.

O que poucos sabem é que as emissoras ditas abertas funcionam por meio de concessões do governo. Assim, Desde a Globo até a Record, passando pela Band, dependem da autorização governamental para funcionar.

A despeito do que nos faz crer as programações televisivas de mau gosto e seus valores discutíveis, a TV é, ou melhor, deveria ser um instrumento para servir ao bem da coletividade. O cidadão precisa de informações relevantes para sua vida, precisa ouvir a opinião da multiplicidade política residente em qualquer país do mundo.

Mas percebe-se que o conteúdo televisivo atropela o benéfico serviço que os canais abertos têm a obrigação de oferecer.

O genocídio moral promovido dia-a-dia é possível em razão da omissão do poder público de fiscalizar e exigir uma programação mais coerente com as reais necessidades da população. Não se trata de nazismo. Não se trata de ditadura, de censura, de controle. Liberdade pressupõe responsabilidade. E a retórica de liberdade não pode ser usada como gambiarra para justificar a liberdade total da TV. Liberdade para lançar toneladas de explosivos imorais e de mau gosto contra o desenvolvimento de nossa juventude.

A indolência estatal é o combustível que faz avançar a hipócrita idéia de que a TV deve ter liberdade para funcionar. E por um acaso pode ser permitida a liberdade para arrasar a educação de nossas crianças e juventude?

Vemos a conveniente covardia daqueles que foram constituídos para defender nossos filhos. Nosso futuro. Conveniente covardia do governo. Covardia de escusos interesses políticos.