sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um desafio humano.


Os desafios fazem parte de nossas vidas. Alguns são simples. Outros, complexos. Alguns, óbvios, outros, subliminares. Alguns podem ser postergados. Outros são urgentes. Alguns estão no exterior. Outros estão dentro de nós.

Existem desafios para todas as faixas etárias. Para gêneros. Para governos. Para nós.

Levantar da cama, após o estridente despertador, não deixa de ser um desafio. Para quem habita em grandes cidades, pegar um ônibus rumo ao trabalho não deixa de ser um desafio diário. Manter o bom humor também.

Pois bem. Crescemos sendo desafiados sob uma ótica burguesa: “Precisamos estudar/trabalhar para ser alguém na vida”. Assim, tomando como verdadeiro o termo anterior, concluo, por uma noção de lógica, que aquele que não estuda e trabalha não pode ser classificado com alguém. Por desdobramento, é um ‘ninguém’.

O problema em si não é, meramente, “estudar/trabalhar”. Não convém mergulhar em síndrome de seu madruga. Mas é certo que nossos corpos e mentes, muitas vezes, são dirigidos para servir a interesses burgueses. E pergunto com todo respeito: Onde está nossa parte justa nesse serviço?

Existem dois equívocos do adágio “batalhar para ser alguém”. Primeiro: Em nossa sociedade, estudar/trabalhar não garante que qualquer pessoa seja classificada como “alguém”. Segundo: Os milhões de indigentes e esfomeados, sejam homens e mulheres, sejam crianças e adultos, são “alguém” sim. São seres humanos, detentores de direitos. Muitos não tiveram sua oportunidade no “livre mercado”. Muitos não nasceram com berço de ouro. Mas devem ser respeitados, a despeito da cotidiana ignorância que sofrem.

Retomando: Os desafios de caráter particular, pelo qual somos bombardeados diuturnamente, sobrepõem-se aos desafios coletivos e mais humanos em nossa sociedade. Desafios e necessidades particulares impostas enfraquecem aquilo que realmente deveria ser estabelecido com desafio cotidiano: Combater a pobreza.

Assim, fracassamos em um curioso desafio: Saber discernir prioridades. Mas de todo modo, vivemos mergulhados num sistema burguês. E nesse sistema precisamos sobreviver. E sobreviver é difícil. Assim, sobra pouco tempo para o ‘outro’, para o coletivo.

Desse modo, a pobreza se reproduz. Isso perante eloquente voz do individualismo: Mais do que um defeito, uma (quase) necessidade dos nossos dias.

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