quinta-feira, 20 de maio de 2010

O perigo das novelas. Parte I.


Entrei no site da globo.com e deparei-me com a seguinte manchete: “'Passione': hoje tem 1ª noite de Diana e Gerson

Esta supostamente corriqueira manchete esconde armamento com poder de fogo suficiente para promover estragos nos conceitos mais elementares de moral. E, diga-se de passagem, nossa noção de moral tem sido (ao longo dos anos) sitiada por um poderoso exército de produções na mídia, que insiste em atacar as muralhas da decência.

É o que ocorre hoje em dia. O politicamente correto vem sendo desqualificado, ridicularizado, encolhido por forças supridas de falsos intelectuais e anos de produções globais da família Marinho.

Mais uma vez, o mocinho da novela apresenta comportamento, no mínimo, arriscado. E o perigo reside no fato de ser justamente o mocinho a apresentar o destacado comportamento. Afinal o mocinho, protegido pelos diques do maniqueísmo, sempre age com correção. Aliás, ver o mocinho errar é algo simplesmente absurdo para os olhos de milhões que perdem seu tempo frente ao encantamento da TV.

O que o mocinho faz é o correto, acima de contestação. Essa é a idéia transmitida. Sabe-se que a rede Globo é dotada do mesmo espírito de parcela da igreja católica da idade média, que ensinava que “a vontade de Deus é que uns sejam ricos, outros sejam pobres”. Para o bem da boa explicação, destaque-se que a eficácia da igreja católica de outrora para transmitir e manter idéias absurdas é a mesma da rede Globo de hoje.

O comportamento de promiscuidade dos protagonistas se repete novela após novela, como uma maldição crônica. E aos poucos a juventude aprende que a cautela, a prevenção e o “guardar” é obsoleto, ultrapassado. Numa absurda inversão de valores, o que se guarda é ultrapassado, antiquado. E as lanças contrárias a integridade são arremessadas de segunda a sábado, através da tela da TV, contra os passivos expectadores, que acreditam serem os protagonistas sujeitos idôneos e respeitáveis.

O que poucos sabem é que as emissoras ditas abertas funcionam por meio de concessões do governo. Assim, Desde a Globo até a Record, passando pela Band, dependem da autorização governamental para funcionar.

A despeito do que nos faz crer as programações televisivas de mau gosto e seus valores discutíveis, a TV é, ou melhor, deveria ser um instrumento para servir ao bem da coletividade. O cidadão precisa de informações relevantes para sua vida, precisa ouvir a opinião da multiplicidade política residente em qualquer país do mundo.

Mas percebe-se que o conteúdo televisivo atropela o benéfico serviço que os canais abertos têm a obrigação de oferecer.

O genocídio moral promovido dia-a-dia é possível em razão da omissão do poder público de fiscalizar e exigir uma programação mais coerente com as reais necessidades da população. Não se trata de nazismo. Não se trata de ditadura, de censura, de controle. Liberdade pressupõe responsabilidade. E a retórica de liberdade não pode ser usada como gambiarra para justificar a liberdade total da TV. Liberdade para lançar toneladas de explosivos imorais e de mau gosto contra o desenvolvimento de nossa juventude.

A indolência estatal é o combustível que faz avançar a hipócrita idéia de que a TV deve ter liberdade para funcionar. E por um acaso pode ser permitida a liberdade para arrasar a educação de nossas crianças e juventude?

Vemos a conveniente covardia daqueles que foram constituídos para defender nossos filhos. Nosso futuro. Conveniente covardia do governo. Covardia de escusos interesses políticos.

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